Diário Eletrônico

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) Nº 0002350-77.2002.4.03.6108

RELATOR: Gab. 09 - DES. FED. NELTON DOS SANTOS

APELANTE: MUNICIPIO DE BORACEIA

Advogados do(a) APELANTE: GABRIEL DEVIDIS DE SOUZA - SP317844-A, ADELINO MORELLI - SP24974-N

APELADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 


 

  

APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (1728) Nº 0002350-77.2002.4.03.6108

RELATOR: Gab. 09 - DES. FED. NELTON DOS SANTOS

APELANTE: MUNICIPIO DE BORACEIA

Advogado do(a) APELANTE: ADELINO MORELLI - SP24974-N

APELADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

 

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 

 

  

 

R E L A T Ó R I O

 

 

Trata-s de reexame necessário em face da r. sentença que julgou improcedente a ação ordinária ajuizada pelo Município de Boracéia contra a União.

 

O juízo a quo reconheceu a constitucionalidade da tributação dos municípios pela contribuição social denominada PASEP, haja vista que recepcionada pela Carta Magna.

 

Inicialmente, o autor interpôs recurso de apelação, porém, mesmo antes da remessa dos presentes para este E. Tribunal, procedeu com a desistência daquele, homologada pelo Juízo de primeira instância.

 

Desta forma e, com o regular processamento do feito, vieram os autos a este Tribunal.

 

É o relatório.

 

 

 

 


APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO (1728) Nº 0002350-77.2002.4.03.6108

RELATOR: Gab. 09 - DES. FED. NELTON DOS SANTOS

APELANTE: MUNICIPIO DE BORACEIA

Advogado do(a) APELANTE: ADELINO MORELLI - SP24974-N

APELADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

 

OUTROS PARTICIPANTES:

 

 

 

 

 

V O T O

 

 A Senhora Juíza Federal Convocada Denise Avelar (Relatora): A questão dos autos não carece de maiores debates, haja vista que a jurisprudência pátria já se encontra sedimentada no sentido da plena recepção da Lei Complementar nº 08/70 pela Constituição Federal de 1988 e, portanto, pela mais plena possibilidade da tributação dos municípios pela referida contribuição social. Vejam-se, por oportuno, os seguintes precedentes:

 

“TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MUNICÍPIO. RECOLHIMENTO PARA O PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO - PASEP. OBRIGATORIEDADE. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.”

(RE 409299 AgR, Relator(a):  Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 24/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 09-03-2015 PUBLIC 10-03-2015)

 

“Agravo regimental em ação declaratória. 2. Contribuição para o PASEP. Imposição a todos os entes públicos, inclusive estados e municípios. Matéria pacificada no STF. 2. Competência do relator para decidir monocraticamente, nos termos do art. 21, § 1º do RISTF. Agravo desprovido.”

(ACO 1890 AgR, Relator(a):  Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-201 DIVULG 11-10-2012 PUBLIC 15-10-2012)

 

“DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PASEP. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA, PROPOSTA PELO ESTADO DO PARANÁ, CONTRA A UNIÃO FEDERAL, VISANDO À DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE VALIDADE E EFICÁCIA DA LEI ESTADUAL Nº 10.533, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1993, SEGUNDO A QUAL O ESTADO, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES DEIXARÃO DE CONTRIBUIR AO PROGRAMA FEDERAL DE FORMAÇÃO DO SERVIDOR PÚBLICO; E A DECLARAÇÃO PRINCIPAL DE INEXIBILIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O PASEP. 1. O artigo 239 da Constituição Federal de 1988 constitucionalizou o PASEP, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, dando-lhe caráter eminentemente nacional, com as alterações nele enunciadas (§§ 1º, 2º, 3º e 4º). O mais foi objeto da Lei, que encomendou, ou seja, a de nº 7.998, de 11/01/1990. 2. Sendo assim, o Estado do Paraná, que, durante a vigência da Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, se obrigara, por força da Lei nº 6.278, de 23/05/1972, a contribuir para o PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO DO SERVIDOR PÚBLICO, já não poderia se eximir da contribuição, mediante sua Lei nº 10.533, de 30/11/1993, pois, com o advento da Constituição Federal de 1988, a contribuição deixou de ser facultativa, para ser obrigatória, nos termos do art. 239. 3. Ação julgada improcedente, declarando-se, incidentalmente, a inconstitucionalidade da Lei paranaense nº 10.533, de 30/11/1993, e, em conseqüência, a exigibilidade da contribuição do PASEP, pela União Federal, ao Estado do Paraná. 4. Não há necessidade de se julgar a Ação cautelar, cujos autos se encontram em apenso, pois o Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou entendimento, no sentido de que, nos processos de sua competência, nos termos do art. 21, IV, do Regimento Interno, somente defere, ou não, a medida cautelar requerida, sem, porém, o desenvolvimento de um processo contencioso e de um julgamento específico, razão pela qual se limita, agora, a cassar a medida liminar que fora concedida, no caso, por Ministro da Corte, no exercício eventual da Presidência, durante o recesso, bem como a extensão determinada a fls. 263. 5. Ônus da sucumbência.”

(ACO 471, Relator(a):  Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 11/04/2002, DJ 25-04-2003 PP-00031 EMENT VOL-02107-01 PP-00001)

 

A razão de tal entendimento encontra respaldo no artigo 239, da Constituição Federal, que tornou a referida tributação obrigatória para os Estados-membros e Municípios.

 

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao reexame necessário, conforme fundamentação supra.

 

É como voto.

 



E M E N T A

 

PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. PASEP. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. OBRIGATORIEDADE DE RECOLHIMENTO PELOS MUNICÍPIOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 239, DA CF. REEXAME NECESSÁRIO DESPROVIDO.

1. A questão dos autos não carece de maiores debates, haja vista que a jurisprudência pátria já se encontra sedimentada no sentido da plena recepção da Lei Complementar nº 08/70 pela Constituição Federal de 1988 e, portanto, pela mais plena possibilidade da tributação dos municípios pela referida contribuição social.

2. A razão de tal entendimento encontra respaldo no artigo 239, da Constituição Federal, que tornou a referida tributação obrigatória para os Estados-membros e Municípios.

3. Reexame necessário desprovido.

 


  ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Terceira Turma, por unanimidade, NEGOU PROVIMENTO ao reexame necessário, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.