APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0002855-18.2018.4.03.6105
RELATOR: Gab. 05 - DES. FED. COTRIM GUIMARÃES
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: NELSON BASSI, HILENI ZAGO BASSI
Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A
Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A
OUTROS PARTICIPANTES:
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0002855-18.2018.4.03.6105 RELATOR: Gab. 05 - DES. FED. COTRIM GUIMARÃES APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL APELADO: NELSON BASSI, HILENI ZAGO BASSI Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A OUTROS PARTICIPANTES: R E L A T Ó R I O O Exmo. Desembargador Federal COTRIM GUIMARÃES (Relator): Trata-se de recursos de apelação interposto pela UNIÃO FEDERAL (Fazenda Nacional), contra a sentença que julgou procedentes os embargos de terceiro, condenando a embargada ao pagamento de multa de 5% dobre o valor corrigido da causa, por litigância de má-fé, nos moldes do artigo 81 do CPC. Sustenta a apelante, em síntese, que a simples utilização de argumentos em sua contestação, ainda que contrários à jurisprudência dominante, não caracteriza, por si só, a litigância de má-fé. Sem apresentação de contrarrazões. É o relatório.
Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 0002855-18.2018.4.03.6105 RELATOR: Gab. 05 - DES. FED. COTRIM GUIMARÃES APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL APELADO: NELSON BASSI, HILENI ZAGO BASSI Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A OUTROS PARTICIPANTES: V O T O O Exmo. Desembargador Federal COTRIM GUIMARÃES (Relator): Por primeiro, recebo o recurso de apelação em seu duplo efeito. No que diz respeito à multa aplicada por litigância de má-fé, o r. Juízo a quo condenou a União Federal ao pagamento de multa por litigância de má-fé, no importe de 5% (cinco por cento) sobre o valor atualizado da causa por entender que a embargada agiu de forma maliciosa, baseando a defesa em documento não correspondente ao apresentado nos autos e por fazer afirmação falsa, ainda que totalmente constatável, mas que poderia redundar na perda de propriedade dos terceiros embargantes. Ao tratar dos deveres das partes e de seus procuradores e das condutas que caracterizam a litigância de má-fé, no que é pertinente ao caso concreto, o CPC/2015 especificou em seus arts. 77, I e II; 80, I, IV e VI, e 81, in verbis: Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; (...) Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; (...) IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; (...) VI - provocar incidente manifestamente infundado; (...) Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. Ao considerar as hipóteses de litigância de má-fé, deve o juiz ponderar se a parte, concretamente, agiu com dolo no sentido de incidir nas sanções cominadas pelo ordenamento processual. Em linha de princípio, o exercício das faculdades inerentes ao contraditório e à ampla defesa, por meio dos recursos existentes em lei (CF/1988, art. 5.º, LIV e LV), não configura, per si, má-fé processual. No caso dos autos, não restou comprovado nos autos a ocorrência de elementos concretos de quaisquer das hipóteses do art. 80 do CPC/15, não há que se falar em propósito protelatório ou má-fé, mas tão somente no exercício do contraditório e da ampla defesa. Pelo exposto, dou provimento ao recurso de apelação, para afastar a multa por litigância de má-fé. É como voto.
Advogado do(a) APELADO: ELIANE DANIELA DE SOUSA NAGY - SP341613-A
E M E N T A
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE TERCEIRO ACOLHIDOS. CONDENAÇÃO DA FAZENDA NACIONAL EM MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. NÃO COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE HIPÓTESES DO ART. 80 DO CPC.
1- Ao considerar as hipóteses de litigância de má-fé, deve o juiz ponderar se a parte, concretamente, agiu com dolo no sentido de incidir nas sanções cominadas pelo ordenamento processual. Em linha de princípio, o exercício das faculdades inerentes ao contraditório e à ampla defesa, por meio dos recursos existentes em lei (CF/1988, art. 5.º, LIV e LV), não configura, per si, má-fé processual.
2- No caso dos autos, não restou comprovado nos autos a ocorrência de elementos concretos de quaisquer das hipóteses do art. 80 do CPC/15, não há que se falar em propósito protelatório ou má-fé, mas tão somente no exercício do contraditório e da ampla defesa.
3- Recurso de apelação provida para afastar a multa por litigância de má-fé.