APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5001096-23.2018.4.03.6140
RELATOR: Gab. 27 - DES. FED. TÂNIA MARANGONI
APELANTE: JOSE DONIZETI GODOI
Advogado do(a) APELANTE: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A
APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
Advogado do(a) APELADO: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5001096-23.2018.4.03.6140 RELATOR: Gab. 27 - DES. FED. TÂNIA MARANGONI APELANTE: JOSE DONIZETI GODOI Advogado do(a) APELANTE: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL Advogado do(a) APELADO: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A OUTROS PARTICIPANTES: R E L A T Ó R I O EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL TÂNIA MARANGONI: Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do v. acórdão que negou provimento ao seu apelo, mantendo a sentença que julgou extinta a execução, com fundamento no artigo 924, III, do CPC. . Alega o autor, em síntese, a ocorrência de omissão no julgado quanto ao direito de execução da verba honorária sucumbencial, posto que se trata de crédito autônomo do exercício do direito pelo Autor e de titularidade exclusiva dos patronos que advogaram na causa. Afirma que existe ainda uma segunda omissão quanto ao direito de averbação dos períodos controversos reconhecidos, independentemente da execução dos atrasados, a coisa julgada é mais abrangente que a mera concessão do benefício, envolvendo o reconhecimento dos períodos laborais sobre os quais o INSS recusa reconhecimento. Requer assim seja declarado o direito de execução da verba honorária pelos advogados da causa, bem como o direito do Autor de executar a coisa julgada quanto à averbação do tempo especial e comum reconhecidos para fins de futura revisão do benefício atual. Aduz, ainda, que há a necessidade de oposição dos embargos para fins de prequestionamento. É o relatório.
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5001096-23.2018.4.03.6140 RELATOR: Gab. 27 - DES. FED. TÂNIA MARANGONI APELANTE: JOSE DONIZETI GODOI Advogado do(a) APELANTE: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL Advogado do(a) APELADO: DANILO PEREZ GARCIA - SP195512-A OUTROS PARTICIPANTES: V O T O EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL TÂNIA MARANGONI: Assiste razão ao autor quanto à omissão apontada no que diz respeito a verba honorária sucumbencial. Os honorários advocatícios, por expressa disposição do art. 23 da Lei n. 8.906/94, têm natureza jurídica diversa do objeto da condenação - não obstante, em regra, esta seja sua base de cálculo - e são direito autônomo do advogado, restando afastado seu caráter acessório em relação ao crédito exequendo, conforme da Súmula Vinculante nº 85/STF: "Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza". Nesse sentido, já se posicionava o STJ: PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DIREITO AUTÔNOMO DO CAUSÍDICO. EXECUÇÃO. PRECATÓRIO EM NOME DO ADVOGADO. ART. 23 DA LEI N.8.906/94. 1. A regra geral, insculpida no art. 23 do Estatuto da OAB, estabelece que "os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor". 2. Os honorários, contratuais e de sucumbência, constituem direito do autônomo do advogado, que não pode ser confundido com o direito da parte, tal como dispõe a Lei n. 8.906/94. 3. Assim, não se pode considerar que a referida verba seja acessório da condenação. 4. De fato os honorários, por força de lei, possuem natureza diversa do montante da condenação, ensejando em si força executiva própria, dando a seus titulares a prerrogativa de executá-los em nome próprio, sem contudo violar o disposto no art. 100, § 4º, da Constituição. Agravo regimental provido. (AGRESP 201002056579, Humberto Martins, Segunda Turma, DJE 02/05/2013). Na Lei nº 13.105/2015, que instituiu o NCPC, o entendimento foi consolidado: Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. Nesses termos, a execução deve prosseguir em relação aos honorários advocatícios, no valor apresentado pela parte autora (R$ 11.073,57, atualizados para 04/2015), em atenção aos limites do pedido e ao princípio do non reformatio in pejus. No mais, autorizo a execução apenas do capítulo declaratório, relativamente ao reconhecimento dos períodos reconhecidos na sentença/acórdão, por ser possível a execução do capítulo declaratório do título executivo, ainda que haja renúncia da parte condenatória. Dessa forma, acolho os embargos de declaração, emprestando-lhes efeitos infringentes, para sanar as falhas no julgado, alterando parcialmente o seu resultado para determinar o prosseguimento da execução pelo valor de R$ 11.073,57, atualizados para 04/2015, referente à verba honorária sucumbencial, e autorizar a execução apenas do capítulo declaratório do título exequendo, na forma da fundamentação em epígrafe. É o voto.
PROCURADOR: PROCURADORIA-REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
E M E N T A
PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXECUÇÃO. VERBA HONORÁRIA. DIREITO AUTÔNOMO. EXECUÇÃO DO CAPÍTULO DECLARATÓRIO DO TÍTULO. POSSIBILIDADE. OMISSÃO SANADA. CONCEDIDO EFEITO INFRINGENTE.
- Os honorários de sucumbência constituem direito do autônomo do advogado, que não pode ser confundido com o direito da parte, tal como dispõe a Lei n. 8.906/94, restando afastado seu caráter acessório em relação ao crédito exequendo, conforme da Súmula Vinculante nº 85/STF.
- É possível a execução do capítulo declaratório do título executivo, ainda que haja renúncia da parte condenatória.
- Concedido os efeitos infringentes para alterar parcialmente o resultado do julgado e determinar o prosseguimento da execução pelo valor de R$ 11.073,57, atualizados para 04/2015, referente à verba honorária sucumbencial, e autorizar a execução apenas do capítulo declaratório do título exequendo.
- Embargos de declaração acolhidos.