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01 / setembro / 2004
TRF3 DEBATE A JUSTIÇA SOB O PONTO DE VISTA FILOSÓFICO

                                                  

Em encontro promovido pela Escola de Magistrados da 3ª Região, Márcia Tiburi, mestre em Filosofia, pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul, esteve no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no último dia 30, para falar de \"Justiça\", sob os aspectos essenciais da Filosofia.

Para a professora, que é também Doutora em Filosofia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Filosofia nos apresenta uma qualificação do pensamento, que ajuda a compreender melhor o objeto que está tentando investigar. \"Para a Filosofia, a Justiça é sempre tratada como uma virtude, mas uma virtude que precisa ser construída e trabalhada para a vida humana\", explica.

Márcia Tiburi nos conta que, segundo o pensamento Aristotélico, a Justiça, como valor, pode ser a qualidade de nossas ações. Algo bom, que deve fazer parte de nosso cotidiano, mas não é uma virtude natural do Homem, e sim algo que deve ser buscado e alcançado.

Para Nietzsche, importante pensador do século XIX, a Justiça está intimamente ligada à noção de culpa. Ele entende a Justiça como algo viável, mas enfatiza que quando os instintos humanos estão nela envolvidos, podem surgir os desejos mais baixos do ser humano, como por exemplo, a vingança.

Já Schopenhauer foi em outra linha ao propor que nossa racionalidade não pode negligenciar a dor do outro. Para ele, a compaixão é a nossa capacidade de sentirmos em relação ao outro uma comoção com base na dor que o outro sente. Seu pensamento, porém, é criticado por várias correntes filosóficas, que entendem não ser possível impor a alguém o sentimento da compaixão.

Márcia Tiburi considera que ao se compreender o conceito de compaixão, seja possível elevá-lo como fundamento. \"Entendo que o fundamento da Justiça e do Direito seria o bem de todos. Essa talvez seja a maior luta da democracia\", pondera.

Ao falar dos excluídos, Márcia Tiburi expõe uma análise crítica e contundente do que considera uma sociedade fria de sentimentos. \"Praticamos um genocídio silencioso a cada dia, com tantos corpos famintos, torturados, prostituídos, dilacerados e mortos. Como um povo tão meigo e alegre, como o nosso, foi capaz de produzir tanta miséria? pergunta ela.

Para Márcia Tiburi, a solução para uma sociedade mais justa está na construção de uma sensibilidade social. \"Precisamos ponderar o que fizemos com a nossa sensibilidade. Está na hora de tirarmos de nossas faces as máscaras da ingenuidade e pensarmos na nossa responsabilidade social\", conclui.

Após a palestra, abriu-se o debate, quando o juiz federal David Diniz Dantas elogiou a análise político filosófica de Márcia Tiburi e enfatizou o papel do juiz na busca de soluções mais éticas e morais. \"Encaramos a Justiça e os valores morais como integrantes do Direito. O papel dos juízes seria o de um construtivismo ético, a partir de suas decisões, para exportamos à sociedade soluções mais éticas e morais, diminuindo as profundas injustiças que nos permeiam\", afirma o juiz.

Ao finalizar o encontro, o desembargador federal André Nabarrete, vice-diretor da Escola de Magistrados, ressaltou a retórica cativante da palestrante, por sua capacidade de induzir à reflexão, convidando-a para participar do Seminário \"Filosofia do Direito Contemporâneo e a Atividade Jurisdicional\".

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Assessoria de Comunicação Social do TRF3

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