A Libras está se tornando uma ferramenta fundamental para a inclusão do deficiente auditivo e para quem o recebe como usuário, empregado ou colega de serviço
“Incluir é construir uma posição ética perante as diferenças”. Com esta frase, a fonoaudióloga Sibelle Moannack Traldi, gestora do Instituto de Educação para Surdos-SELI, encerrou a palestra sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras, realizada na sexta-feira, 11 de abril, no auditório do 25º andar do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. O evento teve como objetivo sensibilizar os servidores para o problema da inclusão social do deficiente auditivo e oferecer noções sobre a cultura dos surdos, que poderão ser aprofundadas em um curso de capacitação em Libras, a ser promovido, a partir do mês de maio, pela Secretaria de Recursos Humanos do Tribunal.
Antes do início da palestra foi exibido um vídeo mostrando um balé entre dois deficientes físicos, que no dizer dos participantes, foi “maravilhoso”. A seguir, Sibelle Traldi falou sobre os graus de deficiência auditiva, que podem variar entre leve, moderada e profunda. Chamou a atenção para doenças que podem provocar perdas auditivas irreversíveis, como meningite e rubéola, citou as principais causas de deficiência auditiva, tais como parto prematuro e pós-maturo, otites e exposição a ruídos. Mencionou ainda a obrigatoriedade do teste realizado com recém-nascidos na maternidade.
Na seqüência, a palestrante fez um apanhado sobre a condição do deficiente auditivo ao longo da história da humanidade, marcada pela marginalização e rejeição, uma vez que é comum confundir-se a surdez com deficiência mental. Explicou que até o fim da Idade Média, era comum a discriminação e até o extermínio dos surdos, pois acreditavam que quem não podia ouvir ou falar também não podia pensar. Somente no século XVIII surgiram as primeiras escolas para surdos e, com os avanços científicos proporcionados pela Revolução Industrial, surgiram duas correntes de estudos e soluções para o problema dos surdos: uma que priorizava o aprendizado por meio da fala, chamada de oralista, e outra que privilegiava o uso de sinais. No entanto, no século XIX até meados do século XX, a língua de sinais foi banida do universo comunicacional dos surdos. Na década de 60 a deficiência auditiva foi separada da deficiência mental e apenas nos anos 80 a linguagem de sinais começou a ser reabilitada.
A partir de então, compreendeu-se que os surdos utilizam a comunicação espaço-visual como principal meio de conhecer o mundo, em substituição à audição e à fala e não se definem mais como deficientes, mas como um grupo cultural e lingüístico minoritário com características próprias. Atualmente, está em vigor o bilingüismo, que é a exposição da criança com déficit auditivo, desde cedo, à língua de sinais e à língua oficial do país.
Graças a esse movimento de inclusão, o número de empregados surdos nas empresas do estado de São Paulo saltou de 601 em 2001 para 35.782 em 2005. Ocorre que a contratação de pessoas surdas requer capacitação dos profissionais em geral para recebê-las e a Libras é uma ferramenta de interação entre o surdo e o não-surdo no mundo do trabalho.
A Lei 8213/91, em seu artigo 93, exige que as empresas contratem de 2% a 5% de funcionários com deficiência. A Lei 10.436/2002 reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão, e determina que o poder público garanta formas institucionalizadas de apoiar o uso e a difusão da Libras. Também os órgãos públicos estão obrigados pelo Decreto 5296/2004 a capacitar pelo menos 5% do quadro de servidores para o uso e interpretação da Libras.
O curso de Libras promovido pela Secretaria de Recursos Humanos deverá ocorrer em 10 aulas, duas vezes por semana, com início em 5 de maio, em duas turmas, uma pela manhã e outra à tarde. Para maiores informações, os servidores interessados deverão acessar a página da SEHU na intranet.
Edgard Catão - TRF3 |
1- Sibelle Traldi, expositora e gestora do Instituto de Educação para Surdos-SELI 2- A platéia ouve, atenta, as explicações da palestrante sobre a Libras |
Andréa Moraes
Assessoria de Comunicação
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