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17 / novembro / 2009
SEMINÁRIO PSICANÁLISE E JUSTIÇA DEBATE O TEMA INIMPUTABILIDADE X TRABALHO TERAPÊUTICO
Na apresentação também houve a explanação de um caso clínico

No segundo dia do seminário “Psicanálise e Justiça”, o palestrante José Valdemar Thiesen Turna, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, professor e coordenador do Hospital São João de Deus (São Paulo), abordou o tema “Periculosidade e Inimputabilidade x Trabalho Terapêutico”, além de apresentar um caso clínico.

Preliminarmente, observou que, na maioria das vezes, a pessoa entra no hospital psiquiátrico por ser inimputável e apresentar periculosidade. A finalidade da conduta hospitalar consiste em concentrar todos os esforços terapêuticos para fazer com que o sujeito resgate alguma consciência sobre o ato criminoso, a causa e a responsabilidade. “O trabalho do hospital é o acolhimento inicial e serve para criar condições para que o paciente não precise mais voltar”, afirma o professor.

O mestre explicou ainda os dois pontos de partida históricos essenciais para a compreensão da inimputablidade e da periculosidade: criminologia e psicanálise.

Relembrou que a criminologia é uma ciência recente e que, no decorrer dos anos, a causa dos delitos foi analisada levando-se em consideração diversos fatores como os biológicos, hereditários e sociais, mas isoladamente. “A ciência evolui, mas não há ainda um consenso científico sobre a explicação dos atos”, completa o psicanalista.

Já a psicanálise ressalta a dinâmica que Freud explicava sobre o inconsciente, em que os fatos que envolvem um crime são analisados conjuntamente. “O inconsciente é definitivamente propriedade de todo e qualquer sujeito, portanto, na intersecção entre a criminalística e a psicanálise amplia-se a discussão sobre os direitos e deveres não só do estado, da cultura, do meio e da família, mas, e principalmente, os direitos e deveres de um sujeito, qual seja sua condição psíquica”, assinala o professor.

“É um absurdo pretender que o sujeito se responsabilize por seu ato se ele for tratado como monstro, preso ou mantido em lugares infernais, envergonhado e humilhado e imaginar que isso traga o mínimo de responsabilidade pelo ato. Ao contrário: é entrar em algo muito complicado: como a sanção pode se tornar culpa”, salienta o palestrante sobre o tratamento penal.

Na última parte da exposição, o professor apresentou aos magistrados e servidores um caso clínico ilustrativo da problemática que abrange o direito e a psicanálise. No ano passado houve um processo que solicitava internação psiquiátrica compulsória de um homem por comportamento agressivo. Ele foi internado, submetido a um tratamento, mas não foi ouvido. No decorrer da terapia, foi constatado que a conduta do paciente estava aquém da descrita no processo, que até hoje, aguarda uma decisão.

No final, foi aberta uma discussão sobre opções jurídicas para a questão, como: a presença de um terceiro interessado na ação principal (no caso, o hospital), procura de amparo na Procuradoria Geral do Estado, atribuição de alguma atividade ao paciente.

Amanhã, 19/11, das 9 às 11h30, acontece a última apresentação do seminário com o tema “O Conceito de Identificação e o Exercício da Magistratura”.

Fotos: João Fábio Kairuz/ ACOM/ TRF3   

1 e 3 - O palestrante José Valdemar Thiesen Turna, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, professor e coordenador do Hospital São João de Deus (São Paulo).

2 - Platéia do evento.



Mônica Gifoli
Assessoria de Comunicação
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Email: acom@trf3.jus.br



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