Ex-presidente do STF afirma que ambição feminina ainda é malvista e cita metáfora do sapatinho de cristal
No primeiro dos cinco diálogos do evento “Desnudando Estereótipos”, promovido pela Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região (EMAG), a ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie Northfleet abordou, na dia 31/08, estereótipos femininos que dificultam a ascensão da mulher em carreiras como a magistratura e recorreu à metáfora do sapatinho de cristal dos contos de fada para afirmar que as conquistas não decorrem do acaso, mas de esforço, desgaste e trabalho.
“Muitas vezes, as pessoas esperam que tudo se resolva. ‘Eu vou ficar em casa de braços cruzados e alguém vai vir com um sapatinho de cristal e acertar o tamanho do meu sapato.’ Não é assim nem na vida pessoal nem na profissional. Você precisa realmente cumprir todas as etapas de uma liturgia de acesso.”
Até 4 de setembro, a EMAG vai realizar exposições sobre temas relacionados a gênero e estereótipos. Todas serão realizadas pela plataforma Microsoft Teams e transmitidas no canal da EMAG no YouTube, sempre às 11h e com uma hora de duração.
A intervenção “Mulher Juíza e Estereótipos” abriu a semana, tendo como interlocutores a Diretora da EMAG, desembargadora federal no Tribunal Regional Federal da 3ª Região Therezinha Cazerta, e o também desembargador federal do TRF3 José Lunardelli.
Primeira mulher a ser nomeada ministra do STF e a exercer a presidência do órgão, Ellen Gracie observou que muitas vezes as mulheres destacam-se nas melhores colocações nos concursos públicos de ingresso na magistratura e apontou razões possíveis para a baixa participação feminina nas instâncias intermediárias e superiores.
A jurista considerou que a mulher tem menos prática de competitividade. “A educação das meninas ainda hoje é feita para a não agressão, a não competitividade.” Ela lembrou que a ambição não é uma qualidade bem-vista quando associada ao sexo feminino.
“Aqui entramos nos estereótipos. Se a ambição e o desejo de vencer são positivos nos homens, são vistos de maneira negativa nas mulheres. Tudo isso resulta que a categoria feminina é menos equipada para essa necessária, saudável e honrosa concorrência profissional.”
Ellen Gracie comentou outro obstáculo. “Nós geralmente nos restringimos à vida no tribunal e de volta para casa. A nossa vida social circula em torno da família.” De acordo com ela, atividades tipicamente masculinas como partidas de futebol e cerveja após o expediente resultam em contatos informais que podem ser muito importantes no futuro.
O vídeo da exposição da Ministra aposentada do STF está disponível no canal da EMAG no YouTube.
Assessoria de Comunicação Social do TRF3
Com informações da EMAG

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