A presidente do TRF3, desembargadora federal Marli Ferreira e a desembargadora Maria Cristina Zucchi, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ministraram hoje, 3 de fevereiro, no Consulado do Canadá em São Paulo, uma palestra para um grupo de executivos canadenses, participantes do Programa de Liderança Avançado (PLA), cujo objetivo é adquirir conhecimentos sobre assuntos mundiais e entender o raciocínio de grandes líderes a fim de desenvolver habilidades de administração estratégica.

   A desembargadora federal Marli Ferreira apresentou um panorama do Poder Judiciário brasileiro, mostrando suas atribuições. Abordou a competência e as estatísticas da Justiça Federal no Brasil, em especial da 3ª Região, que engloba os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e que é responsável por 33% da demanda nacional, em relação aos processos de Primeira Instância da Justiça Federal e 43% do trâmite de processos de 2ª Instância.

   Ao explicar os problemas enfrentados pela Justiça Federal, tais como falta de verbas, insuficiente número de Varas Federais e juízes, ela salientou as soluções encontradas, como, por exemplo, o processo virtual nos Juizados Especiais Federais, os estudos sobre execução fiscal virtual e a utilização da conciliação como meio de solução rápida de conflitos.

Mulheres no Judiciário

   A desembargadora federal Marli Ferreira ressaltou que dos cinco Tribunais Regionais Federais, dois são comandados por mulheres, o da 3ª e o da 4ª Região. Quanto aos cargos de juízes federais no país, 40% das vagas na Primeira Instância são ocupadas por mulheres e 24%, na 2ª Instância. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região possui 40% de mulheres em seu quadro de juízes.

   A presidente Marli Ferreira destacou que os juízes federais extrapolam a atividade jurisdicional para atender as populações carentes. “Temos um projeto que pretende sair de barco atendendo a população ribeirinha do Oiapoque ao Chuí. São pessoas que moram em casas de barro, não possuem certidão de nascimento e não sabem sobre seus direitos”, contou a magistrada.

   “Estimulamos os juízes a se envolverem com a sociedade de um modo efetivo, como por exemplo, no combate a pornografia e abuso sexual de menores. Na 3ª Região, os juízes estão envolvidos com as causas sociais, o que faz com que o TRF3 seja um tribunal diferenciado”, concluiu a presidente.

Mulheres ocupam seu espaço

   A desembargadora Maria Cristina Zucchi, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, enfatizou a competência e os números da Justiça Estadual, especialmente no Estado de São Paulo. Falou sobre os procedimentos necessários para ingressar e ser promovido na carreira de juiz e ressaltou que dos 316 desembargadores do TJ/SP, somente 13 são mulheres.

   Contou que foi a primeira mulher a participar de uma sessão do Órgão Especial do TJ/SP e apresentou um breve histórico das pioneiras nos cursos de Direito e na magistratura brasileira. “Ser juíza é uma missão muito especial”, afirmou a conferencista, que encerrou sua palestra com a poesia de Milton Nascimento, ressaltando que para ser magistrada “é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre”, e completou: “é preciso ter fé na vida e no amor”.

Ester Laruccia
Assessora de Comunicação