Especialista examina limites da atuação psiquiátrica e jurisdicional
A Escola de Magistrados da 3ª Região, presidida pelo desembargador federal Newton De Lucca, deu início hoje a um ciclo de palestras sobre Psicanálise e Justiça, tentando estabelecer vínculos entre o tratamento dos transtornos mentais e a atividade jurisdicional.
O convidado a falar sobre o assunto é o psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e professor José Valdemar Thiesen Turna, coordenador do Hospital São João de Deus, em São Paulo.
No primeiro dia, o especialista abordou, através de um histórico da psiquiatria, o fato de que o hospital psiquiátrico é um ambiente mais ou menos recente, mas que desde a antiguidade sempre existiram locais de isolamento do indivíduo que não tem condições de se vincular ao âmbito social.
O psicanalista salientou que a relação entre os ditos normais e os doentes mentais é de espelhamento constante. “O outro aponta em nós a possibilidade da mesma queda”, explica, “a idéia de consertar o erro se dá pela negação da manifestação errática em relação à ordem social”.
Para a psicanálise, a doença se manifesta sempre por um modo de comportamento excessivo para mais ou para menos. “O que se pretende é uma homeostase entre a imagem refletida e a imagem que se recebe do observado”, assinala o professor, ao se referir ao porquê de tratar a doença mental.
O que a psicanálise aspira é oferecer ao doente a possibilidade de procurar um reposicionamento de seu lugar no meio social. No entanto, há limites para a atuação da psiquiatria e de outros ramos da ciência, mesmo com medicamentos e outros tipos de tratamento para neuroses, psicoses, toxicomanias e outros transtornos psíquicos, que determinam também limites para a atuação jurisdicional.
De acordo com o dr. José Valdemar, é necessário que o doente se responsabilize pelo seu estado: “se a culpa não se estabelece, o ato se mantém sem sentido”, observa o especialista. Ele afirma que a intolerância social e o número de loucos crescem.
De outro lado, os psiquiatras estão cada vez mais submetidos à neurologia. O trabalho terapêutico é tortuoso e limitado temporalmente pelos convênios médicos. “Não basta isolar o doente; há que se estabelecer um sentido para o tratamento”.
O evento conta com a participação de servidores e magistrados, e terá continuidade até o próximo dia 18, no auditório do edifício sede do Tribunal, no horário das 9 às 11h30.
Fotos: Ana Carolina Minorello / ACOM / TRF3 1- Platéia do evento; 2- José Valdemar Thiesen Turna, psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP
Andréa Moraes
Assessoria de Comunicação
Esta notícia foi visualizada 1156 vezes.
Assessoria de Comunicação Social do TRF3
Email: acom@trf3.jus.br