Projeto, coordenado pela Justiça Federal, foi pioneiro no Vale do Paraíba e ofereceu mais de 30 serviços de cidadania  

 A primeira edição do Mutirão de Atendimento à População em Situação de Rua da cidade de Taubaté (Pop Rua Jud Taubaté), realizado entre 26 e 27 de agosto, prestou 1.950 atendimentos.

Durante a ação, mais de 450 pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade social que compareceram no espaço Avenida do Povo, Jardim das Nações, receberam serviços de cidadania, justiça, saúde e assistência.

  

Mutirão prestou 1.950 atendimentos a pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade social (Fotos: Acom/TRF3)

A iniciativa foi coordenada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) e pela Subseção Judiciária de Taubaté, em parceria com a prefeitura do município, instituições públicas e organizações não governamentais. 

“O mutirão uniu representantes da sociedade para promover acesso a serviços primordiais”, pontuou a juíza federal Marisa Vasconcelos, uma das coordenadoras do Pop Rua Taubaté.  

A força-tarefa ofertou emissão e regularização de documentos, cadastro e atualização em programas sociais (CadÚnico), solicitação de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), entre outros. 

 
José Roberto Pereira foi ao Pop Rua e obteve a certidão de casamento e o RG 

Atendimentos 

O técnico de refrigeração José Roberto Pereira foi ao Pop Rua e obteve a certidão de casamento e o RG. 

 “Fiz tudo o que estava precisando. Esse mutirão ajudou muita gente, é bom que aconteça sempre”, falou. 

 José Carlos dos Santos compareceu na Avenida do Povo nos dois dias. Ele resolveu a documentação e recebeu orientações sobre a pensão alimentícia paga às filhas. Além disso, agendou uma entrevista de trabalho.  

“Estou contente pela proposta de emprego, se der certo, será de grande valia”, ponderou. 

Anderson de Oliveira viveu na rua por 13 anos e, atualmente, mora em um quarto, na oficina de um colega. Ele foi ao Pop Rua e conseguiu tirar todos os documentos. Ele também obteve a certidão de extinção de punibilidade, emitida pela Justiça Federal 

“Vou procurar um trabalho e tentar uma vida melhor”, desabafou. 

A servidora Maria Cristina Ubertini esclareceu que o documento comprova o cumprimento de uma pena restritiva de direitos atribuída a ele. 

“Com isso, os prontuários ficam regularizados e ele pode exercer a cidadania”, esclareceu.  

Na área da saúde e assistência social houve atendimentos como testagem rápida para doenças, vacinação, aferição de pressão arterial, orientações sobre enfermidades e saúde bucal, corte de cabelo, distribuição de refeições e de roupas, serviços para animais de estimação.  

Técnica de enfermagem da prefeitura atendendo no mutirão 

A técnica de enfermagem da prefeitura Walkiria Basílio explicou sobre o trabalho que realizou no mutirão. 

“Nós fizemos o acolhimento, medimos a pressão e realizamos exames de glicose. Em alguns casos encaminhamos para acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde. Com isso, demos um primeiro passo para prevenção e controle de doenças crônicas.” 

Na força-tarefa, Paulo Roberto Rosa, que tem diabetes, foi atendido e saiu aliviado, pois o nível de glicose estava normal. Ele elogiou a inciativa.  “A ação favorece o próximo.” 

Benefícios assistenciais 

Talissa Carolina Lopes da Silva foi ao mutirão e conquistou o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência. 

“Faço aniversário em outubro e esse foi o meu maior presente, porque quero sair das ruas”, disse emocionada. 

A defensora pública federal Camila Taliberte Ferreira Vasconcelos relatou que todo o processo de Talissa foi resolvido no mutirão. 

Talissa Carolina ficou emocionada por receber o benefício assistencial 

A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com uma ação requerendo o benefício, em seguida, foi realizada uma perícia que constatou a incapacidade. 

“A Procuradoria Federal do INSS propôs um acordo e Talissa aceitou. Com a homologação do termo pela Justiça Federal, o benefício já será implantado”, afirmou Camila Taliberte Ferreira Vasconcelos. 

Paulo César de Castro Lucena morou nas ruas e hoje vive em um abrigo. Ele tem problemas no braço, o que o impossibilita de trabalhar.   

No Pop Rua, cortou o cabelo e pegou roupas. Ainda na força-tarefa, a DPU propôs uma ação judicial, a perícia foi favorável e ele aceitou proposta de acordo para receber o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência. 

“Agradeço por essa realização, a partir de agora tenho uma nova esperança", resumiu. 

Paulo César de Castro Lucena 

Reencontro 

O mutirão sediou o reencontro de dois familiares que não se viam há mais de um ano.  

Pai de nove filhos, João Lopes Medina procurou o mutirão para regularizar a documentação de um deles.  

Lá, acabou reencontrando o filho João Ricardo, que atualmente vive em situação de rua. 

“Estou feliz demais, nunca imaginei poder revê-lo aqui”, afirmou João Lopes Medina. 

João Ricardo contou que trabalha com obras e pintura, saiu de casa para não dar trabalho aos pais e pretende mudar de vida.  

“Esse mutirão foi a melhor coisa que fizeram. Tirei certidão de nascimento, RG, reservista, título de eleitor e ainda encontrei meu pai. Então, vou aproveitar todo tempo que posso perto dele.” 

Reencontro do filho, João Ricardo, com o pai, João Lopes Medina, no Pop Rua Jud Taubaté  

Pop Rua Jud 

Pela primeira vez, um município do Vale do Paraíba recebeu a força-tarefa. Segundo a juíza federal Carla Cristina Fonseca Jorio, coordenadora do Pop Rua Jud Taubaté, a experiência foi gratificante e inovadora. 

“A iniciativa nos leva a refletir sobre alternativas que possam proporcionar a essa população, no dia a dia, os serviços essenciais”, concluiu. 

 Assessoria de Comunicação Social do TRF3 

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